Ministros e magistrados dialogam sobre o caminho para construir um País melhor
O auditório do UniCeub foi palco, nesta quarta-feira (10), de discussões sobre o tema ‘Democracia, Corrupção e Justiça: diálogos para um país melhor’. A palestra foi mediada pelo ministro do STF, Luís Roberto Barroso, e a mesa contou ainda com o procurador Deltan Dallagnol, o juiz federal Sérgio Moro, a professora doutora Susan Rose-Ackerman, o professor doutor Oscar Vilhena e o ministro Carlos Ayres Britto.
Entre os presentes que lotaram o auditório estavam professores e grande parte universitários, especialmente do curso de Direito. Entre eles, a deputada Celina Leão, presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF). Os presentes vibraram com as colocações dos expositores.
“A palestra foi muito produtiva, principalmente porque a fala geral das pessoas que tiveram a oportunidade de ter a palavra, enfatiza que a luta e o combate a corrupção é de todos nós: da sociedade civil organizada, dos políticos que não vão aceitar isso e que vão ter coragem de fazer uma grande reforma política. E o Brasil para mudar precisa passar também pelos empresários que não podem ceder a esse tipo de chantagem. O Brasil que queremos passa por todos nós. Algo que foi colocado é que as instituições precisam estar de pé. Isso foi bem colocado e bem pensado, e é isso que a gente acredita de verdade”, disse Celina.
O ministro Roberto Barroso fez uma comparação e disse que a cultura no Brasil diz que ser esperto é melhor do que ser bom. “Este é o País que queremos mudar. Um bom instrumento para a mudança é a educação, a distribuição de riqueza e debates democráticos”, exemplificou. E completou: “O Brasil precisa deixar de ser um País em que há pessoas que são invisíveis de tão pobres e outras que são imunes de tão ricas”.
Para Luís Roberto Barroso, o apoio que a população tem manifestado ao juiz Sérgio Moro é um sinal da necessidade de fortalecer as instituições. “São heróis, porque são exceção. Você precisa de heróis quando as instituições não funcionam”. O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, antecipou que iria mesmo falar sobre a Operação Lava-Jato, uma vez que, ao participar de outros eventos, tem sido cobrado por isso. “Não deixarei de falar”, alertou o magistrado, para não decepcionar os presentes.
Moro e o procurador da República, que coordena a operação, Deltan Dalagnol, afirmaram que o trabalho que realizam em conjunto com a Polícia Federal, em Curitiba, de desarticular o esquema de desvios na Petrobras, não pode ser considerado como o caminho para solucionar a corrupção no Brasil.
“É importante que esse caso [Lava Jato] não fique apenas nos culpados, nos punidos, mas que isso propicie uma agenda de reformas. Não é uma questão de um indivíduo, de um super juiz, super procurador, super polícia, isso é um trabalho institucional”, garantiu Moro.
Para Dalagnol, a Lava Jato não é a solução para o Brasil. “A Lava Jato, na verdade, trabalha na cura de um câncer, mas é o sistema que é cancerígeno”, disse Dallagnol, ressaltando, ainda, que o Brasil é o paraíso da impunidade, oferecendo um ambiente propício ao florescimento da corrupção. E defendeu sua colocação. “Não podemos perder a capacidade de nos indignar com a injustiça. O caso Lava Jato não vai resolver o problema da corrupção, a mudança de governo não é caminho andado (nesse sentido)”, destacou o procurador. “Precisamos depositar nossa confiança não sobre pessoas ou grupos, mas sobre instituições”.
Ao falar sobre o andamento das investigações, Dallagnol citou dois mitos em torno da operação. “O primeiro mito é que a Lava Jato vai transformar o País. Ela trata de um câncer, um tumor, o que ela vai conseguir é recuperar o dinheiro desviado, mas o sistema é cancerígeno.
Precisamos tratar das condições que favorecem a corrupção no Brasil. O segundo mito que gostaria de descartar é que um grupo de pessoas vai mudar o País. Nós só mudaremos o País quando nós, sociedade, nos mobilizarmos”, enfatizou Dallagnol.
Para o Procurador Deltran Martinazzo, o país do jeito não tem mais jeito. “Se aproveitarmos a oportunidade da Operação Lava Jato, será a oportunidade de um recomeço. Impunidade gera o clima para corrupção. Hoje a corrupção é baixo risco e alto benefício, por isso não podemos parar de nos indignar. Um grupo de pessoas não vai mudar o País. Devemos deixar de serem vítimas do passado para sermos autores da nossa história. Vamos todos juntos plantar um país melhor”, convocou.
Ao final, o ministro Carlos Ayres Brito fez uma rápida colocação sobre os temas discutidos. “O ressarcimento ao erário é a cereja do bolo”, sublinhou, fazendo ainda referências ao Art 85 da Constituição Federal e a legitimidade do impeachment. E ao citar bons exemplos de atitudes de brasileiros, chegou a uma conclusão: “mais vale um grama de exemplos que uma tonelada de discursos”.
Ascom da deputada Celina Leão
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