A Secretaria de Esporte e Lazer do Distrito Federal tem uma nova titular: a deputada federal Celina Leão. A parlamentar assume a vaga de Leandro Cruz em meio à pandemia de Covid-19. Ciente dos desafios, ampliados pela presença do vírus que impede, entre outras ações, a prática segura de exercícios, a nova secretária do GDF avisa: a saúde é uma aliada do esporte.
De forma segura e com aval de técnicos da área de Saúde, ela apresenta, como um dos principais objetivos, a democratização das atividades. “Precisamos que a política do esporte e lazer chegue a todas as cidades”, diz. “Acho que isso deve ocorrer no DF como um todo, levando essa política na ponta”.
Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.
A senhora está chegando agora à gestão do governador Ibaneis Rocha. Qual a sua principal missão, neste momento, ao assumir a Secretaria de Esporte?
Acredito que este é o momento para colocarmos a saúde em primeiro lugar. Eu, diferentemente da visão de algumas pessoas, acho que o esporte não é lazer somente. É também lazer, mas principalmente saúde. Então, como uma política pública de saúde, a gente tem que levar – até nesse momento de pandemia – a vida saudável para as pessoas. Essa é a discussão que eu quero trazer para dentro do governo. O que a gente pode fazer para melhorar a qualidade de vida das pessoas na pandemia? Como é que vai ser o retorno das atividades no setor? Como é que a gente vai conseguir retomá-las? Quero discutir esse assunto juntamente aos técnicos da Saúde. Eu acho que Esporte sempre foi uma pasta muito importante. Neste momento, talvez pela própria vocação de Brasília, uma cidade que tem muitos atletas, deva ser uma pasta prioritária. Quero ajudar o governador Ibaneis Rocha a construir a cidade que as pessoas realmente esperam do DF.
A Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2017) aponta que o DF é a capital em que mais se praticam atividades físicas, com 49,6% da população ativa. A intenção é manter esse índice, de forma segura, investindo na cidade e nas pessoas?
Exatamente. Acho, inclusive, que a gente precisa entrar numa análise e discussão [sobre liberação] dos parques. Desde que sejam isoladas as áreas que têm muito contato – por exemplo, quadras de futevôlei, de vôlei –, mas deixando os locais para caminhada abertos. Até porque as pessoas têm caminhado nas ruas. Alguns países, como a Inglaterra, estão desenvolvendo pesquisas sobre isso e entenderam que a atividade física é uma condição para que o país também se que equilibre e saia da pandemia. Então, nós, mais do que nunca, precisamos tentar equilibrar a questão da saúde e da prevenção contra a contaminação pela Covid-19. Temos que cuidar da atividade física, do bem-estar e principalmente da saúde.
O DF tem uma questão forte de esporte para os jovens – os centros olímpicos. Embora as atividades estejam suspensas, esses centros atendem, juntos, 40 mil alunos. Fortalecer esses espaços é uma das metas quando a pandemia passar?
Precisamos sentar com os especialistas da área de saúde para entender qual o grau de risco de cada atividade. A gente sabe que a caminhada ao ar livre não traz prejuízo. Então, o que iremos liberar de atividades? Quais quadras podem entrar nessa retomada de atividades? Acredito que as atividades devem ser liberadas gradualmente, de acordo com cada pesquisa e sentindo o que aquela atividade pode causar de impacto na nossa rede de saúde. Sei que as atividades físicas estão no cronograma do governador Ibaneis para serem retomadas no futuro. Não serão as primeiras, porque teremos o comércio, que envolve menos contato. Então, é ver como cada funcionamento vai impactar na saúde.
Para que isso ocorra, além de especialistas da Saúde, a senhora pretende ouvir associações, federações e entidades ligadas ao esporte?
Certamente, até para que eles possam sugerir protocolos. E aí pensamos em como tudo pode voltar a funcionar, quando possível. As academias vão funcionar com número restrito de alunos? Com horário específico para as aulas, álcool gel e protocolos para uso dos aparelhos? Tudo isso, vou sentar e conversar com eles, envolvendo a área técnica de Saúde, e ver o que pode ser feito.
A senhora assume a pasta do Esporte com a experiência de ter passado pela Câmara Legislativa do DF e pela Câmara dos Deputados. O que traz delas e como pode absorver essa expertise na secretaria?
Precisamos que a política do esporte e lazer chegue a todas as cidades. Esporte e lazer não podem ser só para quem tem condição de pagar uma academia. Temos que incentivar aquele pequeno projeto social que cuida de 100, 200 crianças, que dão aula de futebol e capoeira… projetos sociais que já existem. Sou parte dessa história, uma vez que aprendi a jogar futevôlei em um projeto gratuito do Parque da Cidade. Fui beneficiária de um projeto social. Acho que isso deve ocorrer no DF como um todo, levando essa política na ponta. Precisamos de grandes eventos? Sim, mas eu acho que precisamos mais do que isso. Precisamos levar qualidade de vida para todas as pessoas, em todas as cidades. Nossa ideia é que Brasília seja a capital mundial do esporte. E ela tem vocação para isso. Temos atletas de ponta para isso.
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